Negros e pardos recebem metade de salários de brancos, diz IBGE
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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a baixa escolarização e um processo histórico de exclusão ainda causam um abismo entre negros e brancos na inserção no mercado de trabalho brasileiro.
Os profissionais negros e pardos ganham em média 51,1% do rendimento dos trabalhadores brancos --ou seja, pouco mais da metade. Enquanto negros e pardos recebiam em setembro R$ 660,45 na média das seis principais regiões metropolitanas do país, os brancos tinham um salário médio de R$ 1.292,19.
Segundo o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, a disparidade salarial pode ser explicada em grande parte pelos baixos níveis de escolaridade de negros e pardos.
Eles têm em média 7,1 anos de estudo. Para os brancos, essa média é de 8,7 anos. No ensino superior, enquanto 8,2% dos negros e pardos que tinham acima de 18 anos freqüentavam ou já freqüentaram algum curso, para os brancos esse percentual saltava para 25,5%.
A pesquisa mostra que a diferença salarial cresce conforme vai aumentando a escolarização do profissional. Enquanto que os negros e pardos com ensino médio alcançavam um acréscimo de 62% nos rendimentos na comparação com os trabalhadores da mesma cor com oito a dez anos de estudo, os brancos em mesma condição recebiam duas vezes e meia mais.
Além disso, um trabalhador branco com ensino superior completo recebe uma salário 32% maior que o rendimento médio de um negro ou pardo.
'O passaporte para o mercado de trabalho está na educação, na qualificação, na especialização. Se esse passaporte não tem uma chancela boa, essa inserção não se dá', afirma.
Segundo Azeredo, a pesquisa não consegue aferir que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho esteja ligada ao preconceito racial.
O pesquisador afirma que o processo histórico do país tem um participação forte no resultado e cita a ausência de políticas públicas ao longo dos séculos com essas populações.
'Sem dúvida não vamos cobrir esse abismo de uma hora para outra, mas não se fez muito para que essas diferenças fossem mudadas.'
Na indústria, um trabalhador branco chega a receber 96,6% mais que negros e pardos. Na construção civil, onde os negros e pardos são maioria, os brancos recebem salários 105,6% superiores.
Na análise por faixa de salário, a pesquisa constatou que 58,9% das pessoas que recebiam até um salário mínimo eram negros e pardos. Por outro lado, eles representavam apenas 15,3% dos que ganhavam mais que cinco salários mínimos.
A desigualdade se reflete também no fato de que negros e pardos ocupam postos pior remunerados. Segundo a pesquisa, 55,4% das pessoas ocupadas na construção civil eram negros ou pardos. Eles representavam ainda 57,8% dos ocupados nos serviços domésticos.
Entre os trabalhadores domésticos, a distância salarial não é tão grande entre brancos e negros e pardos. Os brancos domésticos recebem R$ 405,39 e os negros e pardos R$ 354,94. Entre os empregados com carteira de trabalho a diferença é mais discrepante. Os brancos recebem R$ 1255,68 enquanto os negros e pardos R$ 710,25.
Já os brancos são maioria entre os trabalhadores com carteira assinada. Eles representam 59,7% do total desses trabalhadores, ante 39,8% de negros e pardos.
O grupamento com a menor participação de negros e pardos foi o de Serviços Prestados à Empresas e Intermediação Financeira, Atividades Imobiliárias, com 34,6%.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u112452.shtml
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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a baixa escolarização e um processo histórico de exclusão ainda causam um abismo entre negros e brancos na inserção no mercado de trabalho brasileiro.
Os profissionais negros e pardos ganham em média 51,1% do rendimento dos trabalhadores brancos --ou seja, pouco mais da metade. Enquanto negros e pardos recebiam em setembro R$ 660,45 na média das seis principais regiões metropolitanas do país, os brancos tinham um salário médio de R$ 1.292,19.
Segundo o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, a disparidade salarial pode ser explicada em grande parte pelos baixos níveis de escolaridade de negros e pardos.
Eles têm em média 7,1 anos de estudo. Para os brancos, essa média é de 8,7 anos. No ensino superior, enquanto 8,2% dos negros e pardos que tinham acima de 18 anos freqüentavam ou já freqüentaram algum curso, para os brancos esse percentual saltava para 25,5%.
A pesquisa mostra que a diferença salarial cresce conforme vai aumentando a escolarização do profissional. Enquanto que os negros e pardos com ensino médio alcançavam um acréscimo de 62% nos rendimentos na comparação com os trabalhadores da mesma cor com oito a dez anos de estudo, os brancos em mesma condição recebiam duas vezes e meia mais.
Além disso, um trabalhador branco com ensino superior completo recebe uma salário 32% maior que o rendimento médio de um negro ou pardo.
'O passaporte para o mercado de trabalho está na educação, na qualificação, na especialização. Se esse passaporte não tem uma chancela boa, essa inserção não se dá', afirma.
Segundo Azeredo, a pesquisa não consegue aferir que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho esteja ligada ao preconceito racial.
O pesquisador afirma que o processo histórico do país tem um participação forte no resultado e cita a ausência de políticas públicas ao longo dos séculos com essas populações.
'Sem dúvida não vamos cobrir esse abismo de uma hora para outra, mas não se fez muito para que essas diferenças fossem mudadas.'
Na indústria, um trabalhador branco chega a receber 96,6% mais que negros e pardos. Na construção civil, onde os negros e pardos são maioria, os brancos recebem salários 105,6% superiores.
Na análise por faixa de salário, a pesquisa constatou que 58,9% das pessoas que recebiam até um salário mínimo eram negros e pardos. Por outro lado, eles representavam apenas 15,3% dos que ganhavam mais que cinco salários mínimos.
A desigualdade se reflete também no fato de que negros e pardos ocupam postos pior remunerados. Segundo a pesquisa, 55,4% das pessoas ocupadas na construção civil eram negros ou pardos. Eles representavam ainda 57,8% dos ocupados nos serviços domésticos.
Entre os trabalhadores domésticos, a distância salarial não é tão grande entre brancos e negros e pardos. Os brancos domésticos recebem R$ 405,39 e os negros e pardos R$ 354,94. Entre os empregados com carteira de trabalho a diferença é mais discrepante. Os brancos recebem R$ 1255,68 enquanto os negros e pardos R$ 710,25.
Já os brancos são maioria entre os trabalhadores com carteira assinada. Eles representam 59,7% do total desses trabalhadores, ante 39,8% de negros e pardos.
O grupamento com a menor participação de negros e pardos foi o de Serviços Prestados à Empresas e Intermediação Financeira, Atividades Imobiliárias, com 34,6%.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u112452.shtml
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