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sábado, 10 de fevereiro de 2007

Esse Marcelino Freire....

Este cara é fantástico... Seu jeito de escrever direto e sem prurido algum mexe comigo... Este conto é um dos tantos que eu adoro... Aproveitem!

Muribeca

Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão.
É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?
E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Os Idiotas por Walter Salles

Os Idiotas

WALTER SALLES

Praia de Lopes Mendes, Ilha Grande, domingo de manhã. Como é uma área de proteção ambiental, não há carros. Chega-se até ali caminhando por a longa e bem-preservada trilha através da mata atlântica ou pelo mar, de barco.
Por causa das férias escolares, há muitas crianças na areia. De repente, o cenário se transforma numa cena de "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola.
Um helicóptero dá um rasante na praia. Depois chega outro, e logo mais um terceiro. Ferindo a lei, pousam ao lado da areia, perto de uma pequena igreja construída pelos pescadores da região - uma das únicas edificações da praia.
Os passageiros saltam. Você já os viu naquelas revistas que glorificam"celebridades". Caminham pela praia, dão um rápido mergulho, mas não ficam. Logo partem para atazanar uma outra freguesia, não sem antes darem novos rasantes na praia. O negócio não é desaparecer na geografia de um lugar. O negócio é ser visto.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Por que há tantas cidades em SP com nomes indígenas?

Quando cheguei a São Paulo percebi que havia muitas cidades, rios com nomes indígenas: sorocaba, Atibaia, Mogi Mirim, Mogi guaçu, Serra da bocaína, Caraguatatuba, Ubatuba, entre outros...
Achei estranho pois lembrava que foram os portugueses que haviam colonizado esta região, como era possível tantos nomes se os índios eram escravos?
Foi Darcy Ribeiro quem me respondeu a esta indagação:
"No plano linguístico, o tupi-guarani, como língua-geral, permaneceu sendo por séculos a fala dos brasilíndiospaulistas. E no Nordeste açucareiro foi prontamente suplantado pelo português. Isso porque sua população principal de escravos e mestiços, sendo impelida a adotar a fala do capataz para se comunicar com os outros escravos, realizou o papel de consolidar a língua portuguesa no Brasil. a primeira onda de povoamento, constituída por paulistas, deu a quase todas as águas, serras e acidentes assinaláveis nomes em tupi, língua jamais falada pelos índios nativos da região. O brasilíndio do Nordeste seco, que foi quem ocupou as maiores áreas do Brasil, tangendo gado, não adotou nenhuma língua das regiões que habitou, mas foi outro difusor da língua portuguesa, porque seguramente já saíram do litoral lusitanizados."
"Desse modo é que, ao longo de década e séculos, vão surgindo modos brasileiros tão diferenciados uns dos outros, por sua singularidades, como homogeneizados pelo muito mais que têm em comum. tais são, por exemplo, o baiano da Bahia gorda; o pernambucano do massapê; o são-franciscano da Bahia do bode; o sertanejo nordestino.