Quando cheguei a São Paulo percebi que havia muitas cidades, rios com nomes indígenas: sorocaba, Atibaia, Mogi Mirim, Mogi guaçu, Serra da bocaína, Caraguatatuba, Ubatuba, entre outros...
Achei estranho pois lembrava que foram os portugueses que haviam colonizado esta região, como era possível tantos nomes se os índios eram escravos?
Foi Darcy Ribeiro quem me respondeu a esta indagação:
"No plano linguístico, o tupi-guarani, como língua-geral, permaneceu sendo por séculos a fala dos brasilíndiospaulistas. E no Nordeste açucareiro foi prontamente suplantado pelo português. Isso porque sua população principal de escravos e mestiços, sendo impelida a adotar a fala do capataz para se comunicar com os outros escravos, realizou o papel de consolidar a língua portuguesa no Brasil. a primeira onda de povoamento, constituída por paulistas, deu a quase todas as águas, serras e acidentes assinaláveis nomes em tupi, língua jamais falada pelos índios nativos da região. O brasilíndio do Nordeste seco, que foi quem ocupou as maiores áreas do Brasil, tangendo gado, não adotou nenhuma língua das regiões que habitou, mas foi outro difusor da língua portuguesa, porque seguramente já saíram do litoral lusitanizados."
"Desse modo é que, ao longo de década e séculos, vão surgindo modos brasileiros tão diferenciados uns dos outros, por sua singularidades, como homogeneizados pelo muito mais que têm em comum. tais são, por exemplo, o baiano da Bahia gorda; o pernambucano do massapê; o são-franciscano da Bahia do bode; o sertanejo nordestino.
Outras variantes iriam surgir nas mesmas linhas, entre elas o caboclo amazonense adaptado à vida nas florestas e aos aguais, que foi quem mais guardou a herança indígena original. Onde suas comunidades originais se mantêm vivas e a se exercer sobre o mundo, através demúltiplas e rigorosissímas formas de ação sobre o meio, que dão à sua extraordinária vida e à sua cultura não só um sabor indígena mas sua extraordinária riqueza (...) Lamentavelmente, essa riqueza culinária nossa se está esvaindo com a decadência da cultura cabocla (...)
Outra variante típica do modo de ser brasileiro é a dos gaúchos, especializados no pastoreio, mas com dois componentes diferenciadores, o da briosa gente de fronteira e de guerra e, sobretudo, o de caçadores de gado, mais que de criadores, que cresce explorando os rebanhos que se multiplicavam nos campos do Sul, cujo valor principal como mercadoria era o couro."
O Povo Brasileiro, p. 87-88, edição de 2006 da editora Schwarcz, SP
Achei estranho pois lembrava que foram os portugueses que haviam colonizado esta região, como era possível tantos nomes se os índios eram escravos?
Foi Darcy Ribeiro quem me respondeu a esta indagação:
"No plano linguístico, o tupi-guarani, como língua-geral, permaneceu sendo por séculos a fala dos brasilíndiospaulistas. E no Nordeste açucareiro foi prontamente suplantado pelo português. Isso porque sua população principal de escravos e mestiços, sendo impelida a adotar a fala do capataz para se comunicar com os outros escravos, realizou o papel de consolidar a língua portuguesa no Brasil. a primeira onda de povoamento, constituída por paulistas, deu a quase todas as águas, serras e acidentes assinaláveis nomes em tupi, língua jamais falada pelos índios nativos da região. O brasilíndio do Nordeste seco, que foi quem ocupou as maiores áreas do Brasil, tangendo gado, não adotou nenhuma língua das regiões que habitou, mas foi outro difusor da língua portuguesa, porque seguramente já saíram do litoral lusitanizados."
"Desse modo é que, ao longo de década e séculos, vão surgindo modos brasileiros tão diferenciados uns dos outros, por sua singularidades, como homogeneizados pelo muito mais que têm em comum. tais são, por exemplo, o baiano da Bahia gorda; o pernambucano do massapê; o são-franciscano da Bahia do bode; o sertanejo nordestino.
Outras variantes iriam surgir nas mesmas linhas, entre elas o caboclo amazonense adaptado à vida nas florestas e aos aguais, que foi quem mais guardou a herança indígena original. Onde suas comunidades originais se mantêm vivas e a se exercer sobre o mundo, através demúltiplas e rigorosissímas formas de ação sobre o meio, que dão à sua extraordinária vida e à sua cultura não só um sabor indígena mas sua extraordinária riqueza (...) Lamentavelmente, essa riqueza culinária nossa se está esvaindo com a decadência da cultura cabocla (...)
Outra variante típica do modo de ser brasileiro é a dos gaúchos, especializados no pastoreio, mas com dois componentes diferenciadores, o da briosa gente de fronteira e de guerra e, sobretudo, o de caçadores de gado, mais que de criadores, que cresce explorando os rebanhos que se multiplicavam nos campos do Sul, cujo valor principal como mercadoria era o couro."
O Povo Brasileiro, p. 87-88, edição de 2006 da editora Schwarcz, SP
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