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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Aracaju: A capital da qualidade de vida

A capital da qualidade de vida


GLOBO REPÓRTER DO DIA 04 DE ABRIL DE 2008
A saúde está na praça, bem ao lado de casa. A qualquer hora do dia, professores de educação física estão a postos para orientar milhares de alunos – e de graça. É muito fácil espantar a preguiça quando se vive em Aracaju.
"Se a gente ficar em casa quietinha daqui a pouco está com depressão e estresse. E aqui ninguém tem estresse nem dores", afirma dona Maria José de Santana, de 64 anos.
"Eu me preocupo muito. O povo pensa que saúde é ir para o médico, trazer um monte de comprimido e tomar. Saúde é à base de alimentação e ginástica. O comprimido é em último caso", ensina dona Juliana dos Santos, de 64 anos.
O hábito de usar a bicicleta ganha incentivo extra quando se tem quase 40 quilômetros de ciclovia. A vida é mais tranqüila em uma cidade com pouco mais de 500 mil habitantes. E a saúde agradece quando são poucos os fumantes e se consome gordura e álcool com moderação. Junte a isso frutas, verduras e exercícios físicos e é possível chegar ao topo do raking da qualidade de vida.



Foi onde chegou a capital sergipana. Com exclusividade para o Globo Repórter, o Ministério da Saúde traçou o ranking das capitais mais saudáveis do país. Os pesquisadores ouviram 54 mil pessoas nas 26 capitais e no Distrito Federal.
A pesquisa mostrou que Natal é a capital brasileira com menor número de fumantes. Goiânia é onde mais se come hortaliças no país. Vitória é a cidade do exercício físico. As mulheres da capital do Tocantins estão com as menores taxas de excesso de peso. Já os homens da capital catarinense são os menos sedentários. Mas foi em Aracaju que a soma de todos os "bons comportamentos" alcançou a pontuação mais alta.
"O exemplo de Aracaju pode ser seguido por qualquer município. Está nas nossas mãos construir políticas públicas saudáveis, investir na promoção e na prevenção", aconselha a coordenadora da pesquisa, Deborah Malta.
O primeiro lugar foi conquistado com a adoção de novos hábitos e a preservação de velhas tradições.
"Para tudo eu tenho remédio: hortelã, malva, titoco", enumera Juliana. No quintal dela, disputam espaço ervas medicinais e frutas poderosíssimas, como a romã. "É próprio para fazer gargarejo. Se a pessoa tiver tossindo, é só pegar um pedacinho da casca e começar a mastigar que passa. É uma farmácia no quintal", diz.
A sabedoria popular já foi comprovada pela ciência. A romã não faz bem só para a garganta. Ela tem um altíssimo potencial antioxidante, combate o envelhecimento e contribui na prevenção de doenças graves como o câncer. Dona Juliana também tira do quintal tudo o que precisa para fazer o suco de limão e capim-santo, que garante energia extra.
"Esse suco ele serve para a pressão e para o intestino. É calmante e gostoso de tomar", afirma dona Juliana.
Assim como a dona de casa, o executivo também aposta no que é mais natural para manter a saúde. "Eu acho que a gente pode escolher como quer envelhecer. Eu acho que cuidando do corpo agora podemos ter um envelhecimento mais saudável", diz o empresário Alexandre Wendel.
Alimentação saudável aliada a exercícios físicos de três a cinco vezes por semana. Em 15 espaços públicos de Aracaju funciona a Academia da Cidade, projeto que já colocou o exercício na vida de cinco mil pessoas. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) entra com os professores de educação física e os profissionais de saúde. A população se mobiliza.
"Nós temos indicadores de impactos bem marcantes. As pessoas já diminuem a freqüência às unidades básicas de saúde e a ingestão de medicamentos. Elas manifestam uma qualidade de vida melhor e se auto-percebem com uma saúde melhor", afirma Antônio César Cabral, idealizado da Academia da Cidade.
"Hoje no Brasil nós temos, por exemplo, 30% de pessoas sedentárias. Certamente é possível mover essas pessoas, transformá-las em pessoas menos sedentárias e mais ativas", acredita Deborah Malta.
"Tem final de semana que saio na sexta-feira, no sábado e no domingo. E na segunda-feira estou aqui de volta, com todo pique", afirma dona Maria José de Santana.
O pique de um junto com o pique de muitos. Ações que ajudam na promoção da saúde. É assim, com a soma de atitudes saudáveis, que cada um pode mudar a própria vida e melhorar até uma cidade inteira.

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