Estudantes compensam deficiências com vontade e garra.
Simone Harnik Do G1, em São Paulo
Podia ser uma faculdade como todas as outras, se as aulas de filosofia não fossem sobre igualdade, as de sociologia, sobre raças, as de direito, sobre as condições das minorias, as de história, sobre a trajetória econômica do negro. E, como diz o próprio reitor da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, José Vicente, se não fosse uma diferença na "estética" no perfil das turmas: a instituição particular aberta a todas as etnias tem 87% dos estudantes negros ou descendentes - percentual que não é observado em qualquer outra instituição de ensino do país.
Este ano, a faculdade pioneira no país na inclusão de negros, atualmente com um corpo discente de 1.400 alunos, tem a sua primeira classe de formandos (126 estudantes, dos quais 90% são afrodescendentes) no curso de administração, que escolheu como patrono o presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, e como paraninfos os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, governador de São Paulo.
"A principal idéia foi chamar não negros, para mostrar que aqui não há preconceito. Daí, por que não escolher o homem mais importante do país?", contam os estudantes. "Cada nome da negritude poderia criar muita discordância. Por que um e não outro?", diz o aluno Edinilson Nascimento.
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O clima pelos corredores da universidade, localizada na Barra Funda, bairro da Zona Oeste de São Paulo, é de prosperidade. Boa parte dos estudantes freqüenta as salas de aula de terno e gravata, indicando que antes passaram por uma jornada de trabalho. A aparência é comprovada com números: "Um terço dos nossos estudantes já tem estágio ou emprego", diz Vicente.
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