Fonte: www.globo.com.br
Dinheiro 'verde' ajuda a preservar a natureza no ES
A moeda foi criada por um movimento popular de proteção ao meio ambiente e pode ser adquirida em troca de plástico, vidros, óleo usadoO problema bóia no Rio que corta a cidade de Vila Velha, na Grande Vitória. Garrafas de plástico se juntam a mais sujeira e se espalham. Chegam à área de mangue. É lixo que causa mais estrago à natureza. “Ele termina ocupando espaço de material que poderia se degradar, retroalimentar o ambiente, dificultando e atrapalhando a vida natural dos mangues”, explica Florindo Braga, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Chegou dinheiro para ajudar a diminuir o problema e conscientizar os moradores de, pelo menos, 22 bairros da cidade. Um dinheiro com nome diferente e cotação própria. Na cotação desta segunda, um verde vale 70 garrafas de plástico, que são jogadas no lugar errado e que polui o meio ambiente.
O dinheiro verde foi criado por um movimento popular de proteção ao meio ambiente. Pode ser adquirido em troca de plástico, vidros, óleo usado. O estoque da Associação de Moradores está cheio. São centenas de garrafas que depois seguem direto para uma empresa de reciclagem.
“A comunidade sabe de suas necessidades e participação dela é fundamental”, afirmou um morador.
A associação ganhou jeito de supermercado. Na prateleira, tem arroz, feijão, macarrão. A tabela de preços está em uma parede. O óleo de cozinha custa 2 verdes e 50 centavos. Para comprar, tem que trabalhar, não é caridade.
“Eu deixo de receber e passo a promover a minha própria riqueza local, então eu vou lá e compro, a idéia da moeda verde é essa”, esclarece Renata Lima, coordenadora do projeto.
Os produtos na prateleira do mercadinho chegam por meio de doação. O aposentado Manoel faz questão de ajudar: “Se todo mundo fizesse assim, esse mundo era outra coisa”, diz ele.
De bicicleta, a faxineira Rosemary Jacinto agora presta atenção em cada canto. Pedalou, olhou, achou uma garrafa. “Vou lá e pego”, ela conta.
Ela está desempregada e tem duas filhas. A garrafa que garante o dinheiro verde faz diferença dentro de casa. “O quilo de arroz e de feijão que eu troco com essas garrafas que eu encontro na rua me ajudam muito dentro de casa”, ela confessa.
A moeda verde também já reforça a mesa na casa de Dilvanir da Silva. É bom para casa e também pode ser muito bom para o bairro.”O lixo, tendo lugar certo, não vai trazer problemas como entupimento”, acrescenta Dilvanir.
Em dia de chuva forte, a região fica assim: bueiro entupido é porta fechada para água que invade as ruas. Até barco aparece na avenida.
A filha de Dilva, a estudante Sara da Silva, de 15 anos, sabe disso e também já junta o dinheiro verde recolhendo latas e garrafas. “O que eu ganho com isso é a minha consciência mais leve, mais limpa, sabendo que eu estou fazendo a minha parte”, conclui Sara.
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