Vocês já viram, nas novelas da globo, como é fácil para o vilão internar as mocinhas nas clínicas psiquiátricas... Basta ele comprovar que ela estava usando drogas ou o vilão provocar um surto de ira na mocinha para ela ser internada, ou a mesma ser mãe do vilão (vide a última novela Cobras e Lagartos). Estou descrevendo uma das tantas novelas que abordam assim a saúde mental. Quem assistiu o filme Bicho de Sete Cabeças também entende o que estou falando...
No Brasil, há 20 anos a Reforma Psiquiátrica vem ganhando muita força com grandes avanços na desinstitucionalização dos doentes mentais. Porém, ainda não atingiu a todos os municípios e a todas as instituições psiquiátricas...
O que significa de fato a Reforma Psiquiátrica que tem recebido críticas ferozes das associações de psiquiatras?
Ela confere aos pacientes que sofrem transtornos mentais o direito à cidadania e a tratamentos mais humanitários, sem o afastamento dos pacientes do convívio social. Confere a estes pacientes a capacidade de conviver socialmente e a ter uma vida social normal, recebendo o tratamento ideal e integral, como outros pacientes que tem doenças crônicas, por exemplo hipertensão e diabetes.
Se nas novelas da Globo já houvesse implantada a Reforma Psiquiátrica, os mocinhos passariam por uma avaliação de uma equipe multiprofissional de plantão em um Centro de Atenção Psico-social (CAPS). A partir desta avaliação, seria proposto um Projeto Terapêutico para o paciente: ele poderia ficar internado no CAPS até sair da crise (uma duração de 3 a 7 dias) e participaria de grupos e atividades ocupacionais ou seria atendido individualmente por um dos profissionais sem necessidade de internação, iniciando atividades no CAPS periodicamente de acordo com a necessidade ou seria acompanhado pela equipe de saúde da unidade básica (Eu me reporto à experiência da súde mental em Campinas). O projeto terapêutico também envolve os familiares e a preparação dos mesmos para lidar com a doença mental.
Desse jeito, nenhum personagem da novela ficaria internado em clínicas, sendo dopados, recebendo eletrochoques sem necessidade...
Os dados têm mostrado que nos municípios onde a Reforma aconteceu, diminuíram-se as internações, e diminuiu o tempo de afastamento dos pacientes do convívio social e melhorou a qwualidade de vida destes pacientes... Quem pode ser contrário a isto?
Deixo a pergunta: será que os psiquiatras contra a reforma estão preocupados com o bem-estar e a recuperação de seus pacientes ou estão preocupados com a diminuição dos lucros em seus hospitais psiquiátricos?
Críticas devem ser sempre bem-vindas se bem fundamentadas e se forem construtivas a fim de aprimorar o processo da reforma, agora ser contra este processo e desejar retroceder, não dá para aceitar!!!
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